Tradicionalíssima no futebol, a Alemanha quase foi a final de mais uma Copa do Mundo e com 11 jogadores naturalizados ou filhos de imigrantes; país se une nas ruas para superar traumas do passado e torcer pelo time mais diversificado de todos o tempos
por Guilherme Freitas
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A Alemanha esteve muito perto de voltar a disputar uma final de Copa do Mundo. Os germânicos já levantaram a taça três vezes e a perderam na partida derradeira outras quatro vezes. Porém, no domingo eles assistiram uma nova nação entrar no rol dos seletos campeões do mundo. Para eles, restou disputar o terceiro lugar, como em 2006. Tanta tradição os fazem ser considerados ao lado do Brasil como o país com mais tradição em futebol. Os alemães têm uma liga fortíssima (a Bundesliga) e ao longo da história produziram gênios como Mathaüs e Beckenbauer. Mas só isso não basta. Quando a Copa do Mundo chega traz com ela a animação e fanatismo que tomam as ruas de todo país.
Assim como os brasileiros, os alemães adoram a Copa e vivem o clima do evento ao embalo de muita cerveja. Em 2006, a Alemanha sediou com sucesso o torneio e todo o país vibrou com as partidas em solo germânico. “Nós não pintamos as ruas como vocês ai no Brasil, mas curtimos muito a Copa do Mundo. Como o Mundial sempre ocorre no verão europeu, nós nos reunimos em grupos, fazemos churrasco e assistimos as partidas pela TV. Também há telões espalhados pelas ruas do país”, conta a estudante de música Lea Schmidt, alemã de 22 anos e moradora da pequena cidade de Lage, próxima a Bremen.
O povo alemão, considerado muito frio por outras nações, mostra um outro perfil quando a bola rola em Mundiais. Telões se espalham por Berlim, Munique ou Frankfurt e a população sai as ruas para assistir os jogos do time. Com muita cerveja e churrasco, os germânicos estão enlouquecidos com o desempenho de sua equipe até aqui. Este ano a situação é diferente das outras vezes, afinal nunca se teve tantos jogadores estrangeiros ou filhos de imigrantes como agora. São 11 “estrangeiros” no grupo de 23 atletas do técnico Joachim Löw. Conhecida pelo seu passado sombrio nos tempos do nazismo, o país parece ter superado este trauma e está unido na torcida pelo time. Segundo Lea, esse sentimento é visto nas ruas. “Todos os jogadores são alemães e representam nossa nação”.
Assim como no Brasil, o evento mexe até com que habitualmente não assiste partidas de futebol. “A Copa do Mundo conquista até quem não gosta de futebol por aqui. É um evento muito forte, que une o país. Foi assim no último Mundial, que aconteceu aqui. As ruas estavam lotadas. Creio que isso é um aspecto cultural mundial. Não é só o futebol que está em jogo. É muito mais do que isso”, finaliza Lea lembrando que o futebol pode unir não só a Alemanha, que sofreu com a separação no passado, mas todo o planeta.